sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ex Termínio

-Cale que nasce antes da vida fazer hábito.

-Predisposição de um pressuposto consciente conforto desconcertante.

-Telha vidrada de luz do existir, maciça verga que da húmida magoa empena vivências.

-Feixe de não-ser que nos espirra a alma, no esfriar da brisa vitalidade que nos transparece.

-Anónimo sentido, em prese de terminação de fantesia.

-Dilutor de camada cor suposta, por camada dor sobreposta.

domingo, 7 de junho de 2009

Uma vida q.b.

O monte nunca deixou de ser verde, também nunca perdi o gosto pelo pasto, o gado sempre caminhou em linha recta, a fiel cadela sempre adiantou o cacarejar, a terra sempre que mais me foi auto suficiente, nunca me queixei, nem nos dias de seca mais extrema, nunca nada me abandonou. Mas hoje...hoje peguei na trouxa, juntei farrapo com farrapo, vesti a mais bela calça esfarrapada e cheguei, hoje cheguei, já visitantes me esperavam, esperavam o mito. Incrédulas, fecharam-se contentadas com o "ele lá sabe o que faz", de tapete bem-vindo sacudido encheram os lábios de vermelho paixão, o verniz estalava ao mínimo arrepio, o odor citadino intoxicante enfeitiçava qualquer pulmão...
Quatro e meia da manhã, um toque vibrante acorda, estranho o sacristão não era tão bem pago para a noite ter horas extras, quanto mais de aviso em metade da hora. Era relógio que se iluminava na noite, como que desajeitado, com um dedo pra cada lado, tacteei, "...temos de voltar a repetir..." acompanhado de um uivar que me subira até aos meus confins mais superfulos, ao pé daquele uivar tão gélido até a calçada e o mármore da cidade parece pedra escaldante, antecipou qualquer cacarejar...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Que tu julgas.

-Que me julgas tu?
-De que cor me vês?
-Amarelo, dourado?
-Como tu me lês?
-Linhas tortas, palavras direitas, frases mortas, rimas feitas?
-Quem tu pensas que olhas?
-Uma miragem ou ao passado uma homenagem?
-Quem tu pensas ser?
-Um ser ou um foi?
-Que tu cheiras?
-Doce cabelo labio grosso, olhar intenso enquanto beijo no pescoço?
-Que tu lembras?
-Estadias na berma, vistas do céu, sentado só chorando que nem réu?
-Que tu me sentes?
-Sempre lá, sempre ausente, sempre por outono doente?
-Que tu me vives?
-Folheado das mais belas palavras fantasia, tardes de sonhos de poesia?
-Que agora tu julgas?
-Carne pra canhão, texto emoção, palavras gemidos, diluvios arrependidos, fruto espremido, amarelo rosado com tons de azul...Nada já muito seria.

domingo, 10 de maio de 2009

Existir

Não se sabe o porquê, nem de la perto se encontra explicação, é tão eterno quanto o mundo. Nu de puro, é algo que se esconde entre nós, fantasma na noite entrelaça-se nos dias, dele ninguém se livra, mensageiro da vida dá-nos à luz, mas ninguém nele confia, demasiado perfeito, esmola demasiado grande que a vida nos retribui, recompensa-nos o castigo de nascer para morrer. Do mais primitivo ele existiu antes de qualquer coisa existir, universalmente responde a tudo, é como a ultima luz do sol a desvanecer no primeiro raio de escuridão da noite, mostra-nos as duas vidas que vivemos, entre o sonho e a realidade, ecoa entre eles mas não existe ouvido suficiente que o saiba saborear. Coisa tão espontânea quanto o existir, acontece e faz acontecer, é a desconversarão de todas as palavras é os desmembramentos de todas as ideias, ideais e qualquer resto de massa cinzenta que nos alimente, quando nos fizeram por algo começamos e podem-nos tirar o toque que nos sentimos melhor, podem-nos tirar a visão que nos vemos melhor, podem-nos tirar a audição que nos melhor ouvimos, podem-nos tirar o sabor que nos melhor saboreamos, mas o instinto...tirem-nos instinto que melhor morreremos. Ele, o instinto.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Di construction

Peace and life. Não penses, vive, não sintas, faz sentir.
Longa noção do não saber or-ga-ni-zar, desfiltramentos de resíduos, bactérias contagiantes da língua portuguesa, podres os dentes. O quão difícil é não sermos o que já fomos.
Or--ni-ca, mecânica convergente de um sentimento ausente, rimando com gente que se completa com água ar dente.
Tecla 2, letra "a", tecla 3, letra "d", quem não sente é como quem não lê (?), cabeça torta, vincada, fronha amarrotada, luz vermelha, preto com aureola branca cintilante.
406/8, correcto, cronometragem de cada letra e sua viagem, aero-porto-aero-porto-aero-porto. Porto não, aero sim. Chinfrim, tão doce como jasmim, choroso como alecrim. Aos molhos os meus olhos descascam-se como de cebolas entrefolhos.
Mentira, bem caídas, estas nunca mais levanto. Lev anto anto anto anto anto...im im im im...chinfrim, parlapim cheira-me a fim, engano, pela cinzenta massa, por quem ela se trata, mal tratado. E a toupeira seu labirinto escava.
Chamar a isto desconversa...essa, muito batido, massa de fruto podre cinzento.
Idoso quer mulher, idoso é velho, idoso velho ser, idoso tem olho sedoso, idoso não ter muito cabelo, idoso ter appetit for malfunction (?) De génio, já muita gen-i-ali-dade aqui (ou ali se preferir), está constrita na escrita mesquita (?)... Também me parece que sim.
Nada ao acaso, o todo pela parte, uma enorme tarte só para saborear uma fatia. In-lóg-ico, batatas, óleo...de girassol também frita, flor de terra, da terra batata nasce, também...engana, texto sacana, sem isco fique eu com o petisco, este cobra e foge ao fisco. Palha, palhenha, palhinha, palhota, palhunhinhazinha.
11 do 186, correcto "abc", lápis bico grosso, sem opções, limpar, laranja atende, limão desliga, "jkl", john kennedy liedson. Política ambientalista, protejam a relva, jogadores pro alcatrão, carros que atropelem calçada, é terapêutica.
Noite toda, dia invagamente, invasão vaga que mente.
Titulo, 1º capitão de artilharia multifacetada/variada, bala calibre "o que couber", alvo... quem acendeu o rastilho que se queime.
Ruídos estranhos na porta, água fervente de banho, 666, músculos contraídos, viver premonitório, vai dar...sono.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Dias de eterna noite, no use for a name.

Se me perguntarem o que é o amor, certamente não o saberei descrever, direi coisas tão parvas como, "o amor... o amor é um nariz, uns olhos, uns lábios, umas orelhas, um pouco de Ser à mistura q.b., tudo bem envolvido nos meus braços, tudo bem colhido e semeado, tudo aquilo que vejo vejo e adoro...". Não seria mais que alguém em pensar isto, sentiria-me tão banal como qualquer outro que gosta, mas com franqueza, já sabemos os horários nocturnos de hora a minuto, minuto a segundo, e nela... até os milésimos me marcaram, podemos ver a borga que por ali inundava. Naquela noite, por aqueles caminhos deixei o mudo, calei as bocas do mundo, por aqueles caminhos orei, a minha voz juntamente com as presses de uma noite por la ficaram abandonadas...
Acabou, acordei (ou julgara eu que sim) mas, estranhava o cheiro ser o mesmo, o meu toque continuar paralisado pelo rosto mais belo de sempre, meus ouvidos fecharam-se para o mundo, meus lábios um nome murmuravam, nu me deixaram com atitude pra que me cobrisse, e pouco dela sei usar, apenas sigo os paços que outrora ignorei descobrindo-me assim ao mundo.
Foi aquela noite que destes dias me fez morto por viver, desenterrado do buraco mais fundo onde o sentimento se encontrava em decomposição, na fila do crematório as chamas iam altas, até que...aquela noite a lua uivou por mim, trouxe me o pacto da vida em troca de baloiçar junto dela, assim aqueles cabelos escuros como a noite e brilhantes como estrelas, aqueles lábios devoradores de mundos, aquele olhar...ai aquele olhar, nem o espaço é tão infinito...
Ainda hoje, é aquele luar que dita meus dias, por mais belas constelações não existe ser algum que me dê um tão repleto luar.
Nunca compreenderam o que é o amor do modo que eu compreendo, morto por ele, nunca o viverei como vocês vivem, e duvido que o sol não vos tenha cegado... mas certamente saberão o que me dizer e eu terei para vos mostrar uma nudez no mais belo luar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Starlight

Era noite festiva, com presença de encantar, se sabe como é esta longa cantiga, nunca acabei feliz, mas acabarei novamente a lamentar? Como convidado teremos estrelas cadentes, desejos por pedir e um chão molhado. Frio com certeza, casaco...não ira faltar, amor com firmeza, beijo...será que ela me o irá dar? Pois assim se anseia cheio de possíveis intuições, pois assim se deseja e não faltam intenções. Desejem sorte, pois um passo em falso é morte, desejem uma boa festa pois as estrelas convidarei se conseguir ter esta.

domingo, 12 de abril de 2009

Vindimas

Uma das muitas vezes, pelo caminho já decorado, rapaz tão ganancioso quanto a sede de seu pai, fazia-se servo frente à justiça da nota de "quinhentos paus".
Até entrar naquele chão peganhento de que meu pai chamava "néctar dos deuses", por curtos momentos pensava como Vénus ainda aguentava Baco...
Eu ilibava-o facilmente, preferia antes manjericar a maneira mais rápida de aliviar aqueles quinhentos paus do meu bolso, não havia outro pensamento que ocupa-se todas aquelas pedras da calçada que separavam a minha porta com a porta do "grande Olimpo". Até que...chegara o dia em que a suave mão de Vénus falhara o ponto no bolso roto, era a tragédia, pobre trabalhador, tanto tempo a descontar sola do sapato para agora sofrer da greve do trabalhador... nunca ele imaginara seu fim ali rastejando naquele chão tão "abençoado" entre aqueles pés tão metediços sem rumo nem fronteira, receado pelo peso do tempo, o chefe exigia os seus bagos tinto. Pobre rapaz, caminho pra casa fez todo de cabiz baixo envolto em nenhuma esperança só o de cor lhe dava caminho, até que...chocou...porte suficientemente imponente ao seu embate julgara que fosse mais um dos parquímetros a que nunca dara conta... Mas não este era diferente não roubava dinheiro, muito pelo contrario...
Chamava-se Rui, outro deus, tal como o rapaz, ansioso por aliviar seu bolso da maneira mais fácil. Ele disse-lhe "Rapaz por esse andar, por esse olhar...perdeste alguma coisa?" pelos pés adivinhava a sobriedade, nem uma pinga de peganhosidade naquele sapato engraxado, demasiado sóbrio talvez. Respondeu "Perdi, perdi meu vicio, encontrou?", focou bem o rapaz, pensou, pensou e repensou... "Não apenas encontrei o meu..."

sábado, 11 de abril de 2009

Imortal

Como ela sempre me disse "Parir é dor, criar é amor"

Obrigado.

"Nem tudo o que brilha é ouro"

Quando era pequeno, sentava me na praia, via o céu entre os "arranha céus" que me rodeavam, la estava ele, o sol, bem no meio, eixo de simetria do meu mundo, e tudo eram dias de sol. Um dia crexi, não sei bem como nem sei bem quando, mas aí comecei a questionar-me quem era e quem fora em busca do que viria a ser. Pois aí, outro sol nasceu, um sol que era mais que luz, um sol que sempre la estava e nunca morria, vivi devoto dele enquanto pude mas sempre demasiado humano para poder carregar um sol daqueles sem me queimar. Parti pra longe dele, deixei rasto, não quis perder o rumo de casa, assim longos tempos vivi olhando pro horizonte vendo ele de longe, enquanto isso as duvidas permaneciam enquanto por dentro apodrecia, corroido pela culpa que se instalava em mim, enquanto a podridão me subia à cabeça e mais além via tudo aquilo me acontecer, aquilo que eu gozara por aos outros acontecer, aquilo que eu mais desprezara...decidi mudar rumo com maos de mil soluções, cabeça de mil confusões, arrisquei cheio de certezas, nunca o convencimento foi tao ironico, stay gold dizia eu, stay gold morria eu, stay gold alcancei eu. E, entre tudo isto, revivi o meu sol, descobri de que era feita minha felicidade. Pressagios mudos por mim passavam e diziam "crexe e desaparece", tudo à minha volta morria, enquanto eu por dentro me matava, parei no tempo, foi um longo coma, até que vi que do passado mais nada tinha para viver, quanto mais desenterrei mais fantasmas surgiram, quanto mais me enterrei, mais eles me perseguiram.
Hoje, agora, aceito viver, condeno-me às surpresas do futuro. Sou aquilo que sou, fui aquilo que não queria ser, e serei aquilo que o meu sol ditar.

Do costume

Já se sabe por que cá venho, já tudo conhece minhas andanças, e eu, eu próprio cada vez mais me desconheço. Parti à descoberta de mim mesmo e tudo o que descobri foi que... Pois nem eu bem sei. Uma historia da noite interessante, contou que já alguém tentara ser conscientemente inconsciente, era um modo de vida "perfeito", e que como tal fracassou, sempre a lei da vida estabeleceu que o perfeito é inalcançável, não talvez a verdadeira perfeição mas a nossa verdadeira perfeição. Tudo isto pra dizer que eu consigo ser conscientemente inconsciente, talvez porque não seja isso a minha perfeição, a minha perfeição olha me todos os dias, a minha perfeição está tão perta quanto longe, a minha perfeição é como o censo comum dita "impossivel".
É isto, é isto que eu descobri, algo que ainda mal sei, encontrei aquilo que sempre procurara e agora, agora só penso que mal ou bem, é a perfeição, é o inalcansavel, ela é a teoria da noite, ela é mais que alguma coisa ja alguma vez foi, esperança de tudo, o opaco, diante dela tudo se torna translucido, tudo se torna banal como o perfeito que ela é.
Elá é a esperança que nunca esquecerei, aquilo que sempre quis, aquilo que nunca terei.

domingo, 29 de março de 2009

cria ou aborto

De ainda menos nada mais veio, e de tudo o que veio nada mais espero que volte. Num acto cruel darei aqui à vida aquilo que a morte me levará. Cria ou aborto tudo o que nasce é pra ficar morto.